Existem diferentes correntes para determinar o grau da deficiência mental, mas as técnicas psicométricas são as mais utilizadas - medindo o Q.I. para a classificação de cada grau.
Classificação da Deficiência Mental
De acordo com a Associação Americana para a Deficiência Mental (1997) e com a O.M.S. o resultado do teste de Q.I. traduz-se em cinco graus de deficiência mental que se distribuem da seguinte forma:
Níveis de DM |
Q.I. |
IM |
Estádio de desenvolvimento |
Limite/bordeline |
68-85 |
13 |
Operações concretas |
Ligeiro |
52-67 |
8 a 12 |
Operações concretas |
Moderado |
36-51 |
3 a 7 |
Pré-operatório |
Severo |
20-35 |
3 a 7 |
Sensório – motor |
Profundo |
Inf. a 20 |
0 a 3 |
Sensório – motor |
Limite ou bordeline
Recentemente introduzido na classificação não reúne, ainda, consenso entre os diferentes autores sobre se deveria ou não fazer parte dela.
Crianças que se enquadrem neste nível, não se pode dizer, que apresentem deficiências mentais porque são crianças com potencialidades, revelando apenas um ligeiro atraso nas aprendizagens ou algumas dificuldades concretas.
Crianças de ambientes sócio-culturais desfavorecidos podem ser aqui incluídas, assim como as crianças com carências afectivas, de famílias mono-parentais, entre outras, que apresentam desfasamentos nos aspectos de nível psicológico ligeiro - razões que justificam esta resistência de consensualidade.
Ligeiro
Inclui a grande maioria dos deficientes que, tal como na anterior, não são claramente deficientes mentais, mas pessoas com problemas de origem cultural, familiar ou ambiental. Podem desenvolver aprendizagens sociais ou de comunicação e têm capacidade de adaptação e integração no mundo laboral. Apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivo-motoras. Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente familiar.
Na escola detectam-se com mais facilidade as suas limitações intelectuais, podendo contudo, alcançar um nível escolar equivalente ao 1º Ciclo do Ensino Básico.
Moderado ou médio
Neste nível estão considerados os deficientes que podem adquirir hábitos de autonomia pessoal e social, tendo maiores dificuldades que os anteriores. Podem aprender a comunicar pela linguagem verbal, mas apresentam, por vezes, dificuldades na expressão oral e na compreensão dos convencionalismos sociais.
Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm possibilidades de adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhe permitam realizar algum trabalho. Dificilmente chegam a dominar técnicas instrumentais de leitura, escrita e cálculo.
Severo ou grave
Os indivíduos que se enquadram neste nível necessitam geralmente de protecção ou de ajuda, pois o seu nível de autonomia pessoal e social é muito pobre. Por vezes têm problemas psicomotores significativos.
Poderão aprender algum sistema de comunicação mas a sua linguagem verbal será sempre muito débil.
Podem ser treinados em algumas actividades de vida diária (AVD) básicas e aprendizagens pré-tecnológicas muito simples.
Profundo
Este nível aplica-se só em caso de deficiência muito grave em que o desempenho das funções básicas se encontra seriamente comprometido. Estes indivíduos apresentam grandes problemas sensório-motores e de comunicação com o meio. São dependentes de outros em quase todas as funções e actividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos. Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos simples de auto-ajuda.
Níveis de Educabilidade
Dentro destas perspectivas, e no que se refere à independência e educabilidade da criança portadora de deficiência mental, existem 3 níveis de educabilidade dos deficientes mentais.
Classificação Educativa Grossam (1983) |
|
Níveis de DM |
Características |
Educável |
Capaz de aprender matérias académicas (leitura, escrita e matemática). |
Treinável |
Capaz de aprender as tarefas necessárias na vida diária (comer sozinho, vestir-se, cuidar da sua higiene pessoal). |
Grave e profunda |
Não é capaz de valer-se por si mesmo, inclusive nas AVD e comunicação ao nível funcional. |
Nos deficientes mentais, tal como nos outros indivíduos, o comportamento pessoal e social é muito variável e não se pode falar de características iguais em todos os indivíduos com deficiência mental.
Não existem 2 pessoas, deficientes ou não, que possuam as mesmas experiências ambientais ou a mesma constituição biológica o que faz com que comportamentos idênticos correspondam a diagnósticos distintos.
In, Documento de Partilha do Grupo de Educação Especial de São Bartolomeu de Messines, Dezembro 2012