Características:
Heterogénea na etiologia e no perfil fenótipico; prevalência desconhecida mas estimada em entre 1 e 3% das crianças com menos de 5 anos de idade; atraso significativo que se situa 2 desvios padrão abaixo da média (dentro da mesma idade) – QI igual ou inferior a 70%.
Sinais de Alerta:
Motricidade grosseira (não rebola, não puxa, não fica de pé, não anda em linha, …); motricidade fina (não segura, não junta as mãos, não faz construções, tem dificuldades de preensão, …); linguagem (não palra, não diz palavras, não constrói frases, não compreende, não fala de um modo perceptível, …); cognição (não procura, não se interessa por jogos, não categoriza semelhanças, não sabe o nome próprio ou apelido, não sabe contar, não sabe as cores ou qualquer letra,,...); psicossocial (não ri, não estranha, não se consola nem aceita mimos, agride sem provocação, não brinca com outras crianças, …).
Diagnóstico Clínico:
Existem dois níveis de diagnóstico: diagnóstico etiológico e diagnóstico descritivo, que visam o acompanhamento clínico e a terapêutica subsequente.
Diagnóstico Descritivo:
Dimensões de descrição: capacidades cognitivas e do comportamento adaptativo; os factores etiológicos e da patologia orgânica associada; aspectos comportamentais, psicológicos e emocionais; condições ambientais de enquadramento sócio-familiar.
Avaliação:
A avaliação é difícil de determinar e exige a distinção entre lesão estática e encefalopatia progressiva.
Advém de várias causas:
Anomalias cromossómicas | 11.6% |
X-frágil | 3.3% |
Síndrom./anomalias múltiplas conhecidas | 15.8% |
Sindrom. neurocutâneos | 2.5% |
Doenças metabólicas | 2.5% |
Tóxicos/teratogénicos | 0.8% |
Encefalopatias hipoxico-isquémicas | 2.5% |
Infecções | 0.8% |
Sindrom. epilépticos | 8.3% |
Malformações cerebrais | 3.2% |
Sind./anomalias múltiplas indeterminadas | 29.1% |
Etiologias desconhecidas | 19.1% |
Aspecto Físico:
- Disformias/malformações minor: na face, nos pavilhões auriculares, na implantação de cabelo, nas mãos e pés, nos genitais, …
- Baixa estatura, organomegalias, malformações em outros órgãos/sistemas: visual, cardiovascular, gastrointestinal, renal, osteoarticular, …
Intervenção:
Numa primeira fase, a intervenção deve ser efectuada pelo médico que acompanha a criança, para posteriormente se estabelecer o diagnóstico de um atraso ao nível do desenvolvimento.
O diagnóstico é difícil de efectuar devido à grande variação que existe nas aquisições entre as crianças ditas normais. Por outro lado, existem alguns receios por parte dos pais da criança e médicos que dificultam o processo de intervenção, nomeadamente: receio dos pais em aceitar e descrever a situação do seu filho e receio do médico em confrontar os pais com a situação dos seus filhos.
O diagnóstico revela-se eficaz se este for resultante da avaliação do desenvolvimento infantil com vigilância contínua, através da monitorização das áreas de desenvolvimento.
Ao contrário, o diagnóstico não é eficaz se resultar de um procedimento de rastreio, que consiste numa consulta específica, tendo em conta a idade, a evolução do peso, o crescimento, o perímetro craniano, entre outros.
Deve então existir um esforço no sentido de detectar alterações do desenvolvimento o mais precocemente possível através da - intervenção precoce - apesar da maioria dos problemas cognitivos se detectarem só com a entrada para a escola (dislexia, discalculia, etc.).
Esta intervenção auxiliará crianças e famílias na manutenção de um equilíbrio justo - de expectativas e de estimulação adequada.
A investigação etiológica inicia-se através da investigação clínica básica de acordo com três grupos de crianças: doença progressiva; atraso global do desenvolvimento psicomotor estático com antecedentes; atraso global do desenvolvimento psicomotor estático sem antecedentes.
As crianças com atraso global do desenvolvimento psicomotor devem ser sinalizadas e orientadas, usufruindo de medidas pedagógicas e de reabilitação apropriadas, assim como, beneficiando de um acompanhamento clínico activo como medida de prevenção.
in Documento de Partilha do Grupo de Educação Especial de São Bartolomeu de Messines, Maio 2013.